José Mojica Marins è un regista che ama l'horror, e si vede, ma mica solo l'horror, direi che ama il Cinema, nelle sue tante declinazioni.
ha visto molto cinema (Roger Corman, per dirne uno) e molti hanno visto il suo cinema.
con gli effetti speciali dei poveri riesce a girare un film che non sfigura davanti ad altri molto più famosi e ricchi, un piccolo capolavoro..
e Zé do Caixão, il becchino con l'ossessione di una donna perfetta per lui, non si dimentica facilmente.
buona visione - Ismaele
QUI il film completo con sottotitoli
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Il cult del
regista brasiliano (che arrivò a vendersi la casa pur di avere il budget per
girare il film) che inaugura ufficialmente l’horror nel proprio paese. Nella
sua modestia di impianto (ma non si tratta di un z-movie come tanti) rimane una
perla del genere, molto più sensata, compatta ed accattivante di troppi fiacchi
epigoni.
Primo
film di José Mojica Marins e primo horror brasiliano di sempre. Marins ci introduce
nel mondo del suo alter-ego Zé do Caixão (cilindro, barba lunga, vestito nero
con mantello e sguardo da pazzo invasato) narrandone le folli gesta: un
becchino che detesta la superstizione del popolo ed è ossessionato dall'idea di
non poter avere figli e di non dare quindi proseguimento alla propria stirpe.
E’ per questo che uccide la moglie e insidia la bella Teresinha. Per averla non
si fa scrupoli, eliminando tutti coloro che si trovano malauguratamente sulla
sua strada. La paranoica follia di Zé do Caixão, becchino-filosofo da quattro
soldi (fin dall'immancabile introduzione pre-titoli di testa, in cui in due
parole illustra teatralmente la sua visione della
vita) si estrinseca in un film fuori da ogni canone, inevitabilmente destinato
a mandare in delirio i fan del trash che assistono a sadiche efferatezze
accompagnate dai cinici sermoni del protagonista. Zé do Caixão grida, minaccia,
parla come un profeta impazzito, fa camminare una tarantola sul corpo legato
della moglie. Alla fine, dopo tanti delitti, una chiromante gli predice una
morte orribile: verrà assalito dai morti sepolti nel vicino cimitero.
Rifacendosi a HO CAMMINATO CON
UNO ZOMBI ma disponendo di mezzi
insufficienti, Marins porta in scena i suoi zombi con una serie di trucchi
direttamente su pellicola (strani aloni, trattamenti al negativo...)
dall'effetto un po' patetico. Eppure il clima insano in cui è avvolto il film,
l’attacco proditorio ai simboli religiosi in un paese profondamente cattolico
come il Brasile, sono segnali di un coraggio inedito, subito infatti premiato
dal pubblico: Zé do Caixão diventa un'icona. Bianco e nero a tratti molto
affascinante.
Quem é Zé do
Caixão?, perguntei eu, mas a sua força – como um Cristo em reverso – também
está na presença icónica. Por isso, vou já já já responder ao
seguinte: como é Zé do Caixão? Cartola e capa pretas, barba densa sobre o rosto
pálido, sobrancelhas acentuando a expressividade dramática do rosto, magro,
mas, aviso, não o tomem por fraco. Fala alto e fala muito com as mãos,
apontando o dedo a quem lhe faz frente – a começar pelo espectador, esse ser
estranho, como chega a apelidar num dos seus filmes – e marcando com elas os
rostos das suas vítimas – preferencialmente, mulheres, os “seres inferiores”
que tanto despreza. Nas mãos, outra imagem de marca: as unhas compridas, que
repugnarão os mais sensíveis, mas que lhe emprestam, desde logo, a “distinção”
necessária a um homem diferente, isto é, a um ser “superior”. (Nesta matéria –
e é de matéria que tratamos – estou certo que Deleuze, outro filósofo de
distintas unhas, teria um Zé do Caixão a viver algures no seu subconsciente.)
Feitas as
apresentações, parece que pouco mais há a dizer de À Meia-Noite
Levarei Sua Alma (1964), o filme que “pare” a lendária figura do
horror e que projecta mais alto o nome de José Mojica Marins no Cinema Novo
brasileiro. Dito rápido, depressa e – tinha de ser – mal, Mojica está para o
Cinema Novo brasileiro, como Georges Franju está para a Nouvelle Vague
francesa. Glauber Rocha terá compreendido e penso mesmo que terá sido
influenciado pelo seu cinema, mas – como o próprio Mojica se queixa, ainda hoje
– muitos foram os que viram no seu cinema apenas um entretenimento camp de
mau gosto que tinha pouco ou nada a ver com esse período de afirmação do cinema
brasileiro. Felizmente, também houve outros – e Glauber Rocha terá sido um
deles – que se souberam espantar com um dos artistas mais singulares do seu
país. Para alguns, Mojica terá criado o primeiro Frankenstein/Dracula da
modernidade, o que, para além de justíssimo, é uma afirmação que fica pela rama
do que realmente se alcança aqui, sobretudo neste seu primeiro filme que dá
pele a Zé do Caixão. Na minha opinião, há outra pergunta que falta fazer e que
inquieta tanto ou mais que as anteriores: sim, vimos quem é, sim, também vimos
como é, mas, digam-me, de onde vem Zé do Caixão?...
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