mercoledì 1 luglio 2020

À Meia Noite Levarei Sua Alma (A mezzanotte possiederò la tua anima) - José Mojica Marins


José Mojica Marins è un regista che ama l'horror, e si vede, ma mica solo l'horror, direi che ama il Cinema, nelle sue tante declinazioni.
ha visto molto cinema (Roger Corman, per dirne uno) e molti hanno visto il suo cinema.
con gli effetti speciali dei poveri riesce a girare un film che non sfigura davanti ad altri molto più famosi e ricchi, un piccolo capolavoro..
Zé do Caixão, il becchino con l'ossessione di una donna perfetta per lui, non si dimentica facilmente.
buona visione - Ismaele



QUI il film completo con sottotitoli in italiano

QUI il film completo con sottotitoli in inglese


Il cult del regista brasiliano (che arrivò a vendersi la casa pur di avere il budget per girare il film) che inaugura ufficialmente l’horror nel proprio paese. Nella sua modestia di impianto (ma non si tratta di un z-movie come tanti) rimane una perla del genere, molto più sensata, compatta ed accattivante di troppi fiacchi epigoni.

Primo film di José Mojica Marins e primo horror brasiliano di sempre. Marins ci introduce nel mondo del suo alter-ego Zé do Caixão (cilindro, barba lunga, vestito nero con mantello e sguardo da pazzo invasato) narrandone le folli gesta: un becchino che detesta la superstizione del popolo ed è ossessionato dall'idea di non poter avere figli e di non dare quindi proseguimento alla propria stirpe. E’ per questo che uccide la moglie e insidia la bella Teresinha. Per averla non si fa scrupoli, eliminando tutti coloro che si trovano malauguratamente sulla sua strada. La paranoica follia di Zé do Caixão, becchino-filosofo da quattro soldi (fin dall'immancabile introduzione pre-titoli di testa, in cui in due parole illustra teatralmente la sua visione della vita) si estrinseca in un film fuori da ogni canone, inevitabilmente destinato a mandare in delirio i fan del trash che assistono a sadiche efferatezze accompagnate dai cinici sermoni del protagonista. Zé do Caixão grida, minaccia, parla come un profeta impazzito, fa camminare una tarantola sul corpo legato della moglie. Alla fine, dopo tanti delitti, una chiromante gli predice una morte orribile: verrà assalito dai morti sepolti nel vicino cimitero. Rifacendosi a HO CAMMINATO CON UNO ZOMBI ma disponendo di mezzi insufficienti, Marins porta in scena i suoi zombi con una serie di trucchi direttamente su pellicola (strani aloni, trattamenti al negativo...) dall'effetto un po' patetico. Eppure il clima insano in cui è avvolto il film, l’attacco proditorio ai simboli religiosi in un paese profondamente cattolico come il Brasile, sono segnali di un coraggio inedito, subito infatti premiato dal pubblico: Zé do Caixão diventa un'icona. Bianco e nero a tratti molto affascinante.

Quem é Zé do Caixão?, perguntei eu, mas a sua força – como um Cristo em reverso – também está na presença icónica. Por isso, vou já já já responder ao seguinte: como é Zé do Caixão? Cartola e capa pretas, barba densa sobre o rosto pálido, sobrancelhas acentuando a expressividade dramática do rosto, magro, mas, aviso, não o tomem por fraco. Fala alto e fala muito com as mãos, apontando o dedo a quem lhe faz frente – a começar pelo espectador, esse ser estranho, como chega a apelidar num dos seus filmes – e marcando com elas os rostos das suas vítimas – preferencialmente, mulheres, os “seres inferiores” que tanto despreza. Nas mãos, outra imagem de marca: as unhas compridas, que repugnarão os mais sensíveis, mas que lhe emprestam, desde logo, a “distinção” necessária a um homem diferente, isto é, a um ser “superior”. (Nesta matéria – e é de matéria que tratamos – estou certo que Deleuze, outro filósofo de distintas unhas, teria um Zé do Caixão a viver algures no seu subconsciente.)
Feitas as apresentações, parece que pouco mais há a dizer de À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), o filme que “pare” a lendária figura do horror e que projecta mais alto o nome de José Mojica Marins no Cinema Novo brasileiro. Dito rápido, depressa e – tinha de ser – mal, Mojica está para o Cinema Novo brasileiro, como Georges Franju está para a Nouvelle Vague francesa. Glauber Rocha terá compreendido e penso mesmo que terá sido influenciado pelo seu cinema, mas – como o próprio Mojica se queixa, ainda hoje – muitos foram os que viram no seu cinema apenas um entretenimento camp de mau gosto que tinha pouco ou nada a ver com esse período de afirmação do cinema brasileiro. Felizmente, também houve outros – e Glauber Rocha terá sido um deles – que se souberam espantar com um dos artistas mais singulares do seu país. Para alguns, Mojica terá criado o primeiro Frankenstein/Dracula da modernidade, o que, para além de justíssimo, é uma afirmação que fica pela rama do que realmente se alcança aqui, sobretudo neste seu primeiro filme que dá pele a Zé do Caixão. Na minha opinião, há outra pergunta que falta fazer e que inquieta tanto ou mais que as anteriores: sim, vimos quem é, sim, também vimos como é, mas, digam-me, de onde vem Zé do Caixão?...


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